segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Elegia de Seo Antônio Ninguém

Sou um sujeito desacontecido
rolando borra abaixo como bosta de cobra.
Fui relatado no capítulo da borra.
Em aba de chapéu velho só nasce flor taciturna.
Tudo é noite no meu canto.
(Tinha a voz encostada no escuro. Falava putamente)
Estou sem eternidades.
Não tenho mais cupidez.
Ando cheio de lodo pelas juntas como os velhor navios
naufragados.
Não sirvo mais pra pessoa.
Sou uma ruina concupiscente
Crescem ortigas sobre meus ombros
Nacem goteiras por todos o canto.
Entram morcegos aranhas gafanhotos na minha alma
Nos lepramentos dos rebocos dormem baratas torvas
Falo sem alarmes.
Meu olhar tem odor de extinção.
Tenho abandonos por dentro e por fora.
Meu desnome é Antônio Ninguém.
Eu pareço com nada parecido.

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